Juan Francisco é agente do Grupo Especial de Atividades Submarinas da Guarda Civil (GEAS) da Espanha. Nesta semana, a sua imagem virou um ícone da atual crise migratória que atinge o país em Ceuta, território espanhol situado no norte da África e reivindicado por Marrocos.
Milhares de pessoas têm se lançado às águas do famoso quebra-mar de Ceuta, na tentativa de cruzar a nado rumo ao território espanhol a partir do lado marroquino. São poucos metros de nado, mas num trecho do Mar Mediterrâneo com correntes muito frias. Além disso, os migrantes se arriscam à empreitada usando péssimos equipamentos. Há quem tente a travessia usando botes infláveis para uso em piscinas. Outros improvisam boias com garrafas vazias ou tentam flutuar com coletes de cortiça. Pais e mães se lançam às águas levando filhos muito pequenos amarrados com panos. Alguns levam crianças agarradas às suas costas, à mercê do mar. No meio das ondas, há rostos em pânico e olhos que parecem gritos de medo.
Nesse caos provocado pela enésima crise política entre Espanha e Marrocos, a Guarda Civil Espanhola vem tentando resgatar as pessoas mais vulneráveis atiradas ao mar por Rabat. Todo o planeta se lembra da imagem do corpo do menino Aylan numa praia da Turquia, ou da imagem da menina Valeria às margens do Rio Grande, entre o México e os EUA. Se esse tipo de imagem não foi vista em Ceuta, é graças, entre outros, a Juan Francisco e ao seu colega Braulio.
Foram eles que avistaram uma mãe com seu bebê e pularam ao mar. Perceberam que ela não ia conseguir chegar a salvo com o filhinho e saltaram às águas para o resgate. Em declarações à Rede Cope, eles contaram:
“Pegamos o bebê. Ele estava gelado, não gesticulava…”
Há casos em que os guardas nem sequer sabem se o que os migrantes estão carregando são bebês ou mochilas. E é nesse traumático cenário que os serviços da Guarda Civil Espanhola, do Exército, da Cruz Vermelha, da Cáritas Ceuta e de muitos voluntários têm garantido que a crise não se agrave com fatalidades.
Ninguém esquecerá o terror e o desespero de quem é forçado a se jogar ao mar pelas armas de um conflito diplomático. “Para morrer, sempre têm que ir os filhos dos pobres”, denunciou dom Santiago Agrelo, arcebispo emérito de Tânger, num grito desconsolado em seu perfil no Facebook.
Desta vez não houve mortes graças aos bons samaritanos que, como Juan Francisco, literalmente se jogam ao resgate dos mais necessitados.
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FONTE https://pt.aleteia.org/