O papa Francisco pediu aos institutos de vida consagrada que fujam das ideologias, porque «quando um Instituto se reformula do carisma para a ideologia, perde a sua identidade, perde a sua fecundidade”.
Em mensagem de vídeo que enviou esta segunda-feira, 17 de maio, aos participantes da Semana Nacional dos Institutos de Vida Consagrada da Espanha, o pontífice afirmou que “é triste ver como alguns institutos caíram em ideologias para buscar uma certa segurança, para poder se controlar. Ideologias de qualquer signo. De esquerda, de direita, de centro, de qualquer signo”.
“Manter vivo o carisma fundacional é mantê-lo no caminho e crescer, em diálogo com o que o Espírito vai nos dizendo na história dos tempos, nos lugares, nas diferentes épocas, nas diferentes situações”. Isso, segundo Francisco, “implica discernimento e supõe oração. Não se pode manter um carisma fundacional sem coragem apostólica, isto é, sem caminhar, sem discernimento e sem oração”.
Manter vivo o carisma fundador “não é nos reunirmos para tocar violão e dizer 'que bela é a vida consagrada'”, disse o papa, mas “buscar juntos não nos perdermos em formulismos, em ideologias, nos medos, nos diálogos com nós mesmos e não com o Espírito Santo".
Para Francisco “a vida consagrada se entende ao caminhar, como sempre. Entende-se ao consagrar-se diariamente. Compreende-se no diálogo com a realidade”.
“Quando a vida consagrada perde essa dimensão de diálogo com a realidade e de reflexão sobre o que está acontecendo, ela começa a se tornar estéril. Pergunto-me sobre a esterilidade de alguns institutos de vida consagrada. Ao ver a causa, geralmente está na falta de diálogo e de compromisso com a realidade. Não deixem que isso aconteça. A vida consagrada é sempre um diálogo com a realidade”.
O Santo Padre propôs Santa Teresa como exemplo para os membros dos Institutos de Vida Consagrada: “Santa Teresa viu a realidade, optou pela reforma e foi em frente. Depois, ao longo do caminho, houve tentativas de transformar essa reforma em um confinamento. Sempre há. Mas a reforma é sempre um caminho, é um caminho em contato com a realidade e um horizonte sob a luz de um carisma fundacional”.
O papa Francisco concluiu sua mensagem convidando a não ter medo dos limites: “Não tenham medo dos limites! Não tenham medo das fronteiras! Não tenham medo das periferias! Porque ali o Espírito vai lhes falar. Coloquem-se ao alcance do Espírito Santo”.
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Miguel Pérez Pichel / ACI Pres